Notícias

‘A gente está comendo pior.’ Aumento dos preços de alimentos traz de volta o fantasma da fome

‘A gente está comendo pior.’ Aumento dos preços de alimentos traz de volta o fantasma da fome

10/09/2020
Fonte: Rede Brasil Atual e G1

Dados da Associação Proteste mostram que a alta dos alimentos vem acompanhando a pandemia de covid-19 e desesperando famílias

A gente está comendo pior. Cada vez tem que tirar mais uma coisa, porque o dinheiro não dá. Desde o começo do ano, nossa vida piorou muito. A gente só vai no mercado quando alguma coisa acaba, não tem mais aquela compra, ‘de mês’. Carne quase não tem mais. Tenho medo que volte o dia de ‘fazer a xepa’, porque não vai ter dinheiro para fazer feira”. O relato parece retirado de um documentário dos anos 1990, mas é do Brasil de 2020, administrado por Jair Bolsonaro. A fala da trabalhadora doméstica Denise Gonçalves, moradora do Grajaú, no extremo sul da capital paulista representa milhões de pessoas que sofrem com aumento dos preços dos alimentos em meio à pandemia de covid-19 e o desemprego alto.

O preço dos alimentos foi destaque para a alta de 0,24% inflação oficial do país em agosto, divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quarta-feira (9).

Esta alta não tem apenas um alimento responsável, pois a maioria deles está com preços recordes no campo. Porém, dois chamaram a atenção nos últimos dias: o arroz, com valorização de 19,2% no ano, e o óleo de soja, que subiu 18,6% no período.

E, para quem espera preços menores nos próximos meses, a expectativa dos especialistas não é otimista. Como é época de entressafra, é difícil que os valores caiam tanto até o início de 2021, pelo menos.

 

Mais que inflação

Segundo uma pesquisa da Associação de Consumidores Proteste, já em maio os aumentos de preços dos alimentos chegaram a até 106% em supermercados da cidade de São Paulo, na comparação com 2019. Naquele momento, o feijão registrava aumento de 66% em relação a 2019 e o leite, 11%.

Com um saco de arroz a R$ 27, o feijão a quase R$ 10 e a carne – que manteve os preços altos atingidos do final do ano passado – a R$ 30 o quilo, em médida, só resta fazer “as escolhas possíveis”, como relata o entregador Denis da Silva Carvalho, morador do Jaçanã, zona norte de São Paulo. “A gente vai com o dinheiro contadinho. Tem que pegar só o básico mesmo. E às vezes, falo pra você, nem o básico. Eu acabo pegando outra coisa, mais barata”, relata.

 

O que diz o governo

O governo afirma que não haverá desabastecimento no país. O presidente Jair Bolsonaro pediu aos comerciantes para que as margens de lucro de produtos como o arroz fiquem "próximas de zero". E acrescentou que não pretende tabelar preços.

 

 

Nós usamos cookies para melhorar cada vez mais sua experiência de navegação no site. Clique em "ok" para permitir cookies.