Notícias

País tem estrutura para vacinar 80 milhões contra covid-19 antes do inverno. Falta governo

País tem estrutura para vacinar 80 milhões contra covid-19 antes do inverno. Falta governo

21/01/2021
Fonte: Rede Brasil Atual

O programa nacional de imunização (PNI) brasileiro é reconhecido no mundo inteiro. Entre seus maiores feitos está, por exemplo, a vacinação de 80 milhões de pessoas em três meses contra o H1N1, em 2010. Ou seja, é possível vacinar contra a covid-19, antes da chegada do inverno, os grupos mais suscetíveis ao contágio, os profissionais de serviços essenciais, e poupar vidas. Esse futuro da vacinação no Brasil foi tema de live, na noite desta quarta-feira (20), que reuniu ex-ministros da Saúde e a empresária Luiza Helena Trajano, dona do Magazine Luiza, que tem se destacado por suas políticas de combate a desigualdades.

As notícias não são nada boas. O ex-ministro da Saúde de Jair Bolsonaro que durou pouco mais de 20 dias no cargo, Nelson Teich, foi o primeiro a falar. E revelou sua preocupação sobre a capacidade do governo de implantar um plano de vacinação eficiente. “Tem de ter estratégia, planejamento, liderança, coordenação, formação, execução boa e comunicação. Se você falhar em uma delas – principalmente se falhar muito –, vai ter dificuldade. A covid é uma doença que sobrecarregou todos os sistemas de saúde do mundo e vai sobrecarregar nosso PNI também. Não podemos subestimar a dificuldade que vai existir”, alertou.

Teich lembra que há muito que se aprender sobre as vacinas contra covid-19. “O grande desafio hoje é quão competente vai ser nossa implantação do programa de vacinação.”

Brasil no fim da fila

Artur Chioro, que esteve à frente da Saúde durante o governo Dilma Rousseff, destacou os erros cometidos pelo Brasil no enfrentamento à pandemia do novo coronavírus e os riscos que o país corre de ficar para trás. “Uma crise política gerada por um presidente absolutamente descomprometido com a vida, com a responsabilidade, com a condução do que nós temos a viver.”

Como é médico, plantonista, além de professor, Chioro deve tomar a vacina contra a covid-19 nos próximos dias. “Mas não me conformo com essa possibilidade. A falta de perspectivas da garantia do suporte de vacinas em quantidade adequada, num prazo adequado para conseguir aquilo que é a dimensão mais importante que um programa nacional de imunização para qualquer enfermidade pode prover”, ensina. “Claro que a proteção individual é importante, mas quando se vacina uma população, se procura obter cobertura vacinal em quantidade suficiente para garantir a proteção coletiva. Não apenas a interrupção da cadeia de transmissão ou geração de casos graves.”

O ex-ministro critica as decisões tomadas desde o início pelo governo Bolsonaro. “O Brasil se encontra profundamente atrasado, despreparado”, avisa. “Desdenhamos do fundo global. Poderíamos ter reservado até 212 milhões de doses do consórcio liderado pela Organização Mundial de Saúde. Por questões ideológicas, estreiteza, descompromisso, ficamos no final da fila e somente para 10% da população. Apostamos todas as fichas numa única vacina. Jamais num país super populoso poderíamos ter cometido erros tão crasso de planejamento.” 

SUS perfeito

A empresária Luiza Trajano também se revelou preocupada com a população de um modo geral, lembrando que quem estava ali no debate teria condição de tomar, pela idade, pela profissão. “Mas de que adianta eu tomar e a população continuar desse jeito. Além de toda tristeza, da insegurança de saúde, temos a insegurança do mercado no mundo inteiro. Esse vírus veio para conviver com nossa impotência e incompetência.”

Definindo-se como “uma pessoa de gestão”, ela revelou que na sexta-feira um grupo de empresários irá se reunir para debater e entender o que a sociedade civil pode fazer. Concordando com o que foi dito sobre as falhas governamentais, Luiza afirmou que agora é hora de “acudir”. “A única forma é a sociedade se unir e achar alternativas”, disse.

Sobre o SUS, lembrou: “temos a saúde pronta, o que está na Constituição é perfeito. É o maior sistema de saúde do mundo e precisa funcionar. Ter gestão, digitalização. Funcionar como uma coisa do Estado e não uma coisa política”.

 

Nós usamos cookies para melhorar cada vez mais sua experiência de navegação no site. Clique em "ok" para permitir cookies.