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Evasão escolar dispara durante a pandemia e cerca de 670 mil alunos ficam sem estudar em SP, aponta relatório

Evasão escolar dispara durante a pandemia e cerca de 670 mil alunos ficam sem estudar em SP, aponta relatório

26/07/2021
Fonte: G1

Conectividade é apontada como principal dificuldade no ensino remoto. Uso de materiais impressos e de aplicativos de mensagens para orientar os alunos quanto ao conteúdo ensinado também são colocados como barreiras que levam ao abandono durante a pandemia de Covid-19.

 

Um relatório divulgado nesta quinta-feira (22) pelo Fundo das Nações Unidas pela Infância (Unicef) indica um crescimento na evasão escolar durante a pandemia de Covid-19, com mais de 667 mil alunos fora das escolas no estado de São Paulo, em 2020.

A pesquisa realizada em parceria com a União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação (UNDIME) também identificou um alargamento nas faixas etárias mais afetadas pela evasão. Enquanto, em 2019, o índice de abandono era de 2%, principalmente entre crianças de 6 a 10 anos, em 2020 ele saltou para 9,2%, com os mais atingidos sendo crianças e adolescentes de 6 a 17 anos.

O problema central relacionado ao acompanhamento das aulas à distância é a questão da conectividade. Além de requerer uma infraestrutura adequada e uma boa conexão à internet, o ensino remoto também conta com materiais impressos, em 98,2% dos casos, e com orientações passadas por aplicativos de mensagem, método adotado por 97,5% dos educadores na pandemia. Esses itens acabam formando novas barreiras entre os alunos e os conteúdos passados

Para Olavo Nogueira Filho, diretor executivo do Todos Pela Educação, ainda existem outros três fatores que costumam estar associados à evasão e eles se agravaram no contexto da Covid-19.

"O primeiro deles é a quebra do vínculo com a educação, com a escola. O segundo tem a ver com o baixo desempenho escolar e a motivação associada a isso. E o terceiro é o aumento da necessidade de busca por renda, para complementar o orçamento familiar", explica Olavo, associando o último motivo à entrada de alunos mais velhos, até 17 anos, no grupo dos que mais abandonam a escola.

Segundo Patrick Tranjan, subsecretário de articulação regional da Secretaria Estadual de Educação (Seduc) de São Paulo, ao longo da pandemia o órgão tem realizado um trabalho intenso de busca ativa, no qual materiais didáticos são levados até as casas dos alunos e suas atividades são recolhidas para que possam ser corrigidas e avaliadas pelos professores.

Ensino superior e profissionalizante

Contudo, este crescimento na evasão estudantil durante a pandemia vai além dos ensinos fundamental e médio, afetando também alunos do ensino superior e de cursos profissionalizantes.

Diferentemente do esperado para o ensino básico, Cássia Cruz, gerente de educação no Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial em São Paulo (SENAI-SP), acredita que com a melhora no cenário econômico e nos índices da pandemia, os estudantes dos cursos profissionalizantes voltarão às aulas.

"Os pais perderam os empregos e os filhos precisaram trabalhar para ajudar em casa ou em qualquer tipo de mudança na rotina familiar. A hora em que as coisas estiverem encaixadas e eles se reorganizarem, eles vão voltar a estudar, porque eles não deixaram os estudos porque quiseram, foram as circunstâncias que levaram a isso", explica a gerente.

 

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